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Encontro reúne educadores no Tocantins para ampliar práticas pedagógicas antirracistas nas escolas públicas

Encontro reúne educadores no Tocantins para ampliar práticas pedagógicas antirracistas nas escolas públicas

 

Educadores das 13 Superintendências Regionais de Educação participam, em Palmas, do Encontro Formativo de Educação Antirracista. O evento, promovido pela Secretaria da Educação do Tocantins, segue até esta terça-feira, 15 , com o propósito de promover práticas pedagógicas que enfrentem o racismo nas escolas estaduais. A iniciativa está inserida em programas como o Poder Afro e o Profe Indígena, ligados à política nacional de educação com equidade racial.

Durante a cerimônia de abertura, o secretário estadual da Educação, Fábio Vaz, ressaltou o papel do governo na promoção da igualdade nas escolas. “Esse encontro oportuniza formação presencial para professores de história das nossas escolas estaduais, para os secretários municipais de educação e lideranças. Temos um governador negro, filho de professora, que reconhece a importância dessa política que ressignifica e dá voz aos que foram invisíveis por muito tempo. Estamos iniciando uma mudança significativa, que me enche de orgulho, e que não se faz apenas de intenções, mas sim nas escolas, com práticas consistentes que vão transformar a vida dos nossos estudantes”.

Formação e valorização docente como estratégia de transformação

Ainda segundo o titular da Seduc, a formação é uma das formas de investir no corpo docente e impulsionar mudanças reais. “Sabemos das dificuldades que todos enfrentamos diariamente, estamos caminhando e ainda precisamos avançar muito. Estamos investindo nos nossos profissionais, valorizando o professor, com formação presencial, com o concurso da educação, que teve vagas específicas para as escolas indígenas. A educação pública só terá resultado efetivo se o professor encontrar sentido na proposta, pertencente a uma rede que trabalha unida na educação de território”.

Professora relata impacto da formação em sua trajetória

A professora Dângela Rodrigues, da regional de Gurupi, contou que a formação marca um momento importante em sua vivência profissional.  “A educação é uma ferramenta poderosa para transformar a sociedade, e essa oportunidade de estudarmos, discutirmos, nos apropriarmos dessa temática, fará muita diferença na minha prática docente. Sou professora no Estado há 15 anos e essa é a primeira vez que estou participando da formação presencial. Estamos ávidos por esse tipo de informação, de orientação, que renderá frutos não só para a escola, mas para a sociedade e as gerações futuras. Não basta não ser racista, precisamos difundir a educação antirracista, que nos dá esperança de um mundo muito melhor”.

Historiador defende identidade negra nas escolas

O historiador Natanael Santos abriu o encontro com uma fala potente sobre ancestralidade e pertencimento. “Precisamos refletir sobre a contribuição do negro na sociedade brasileira, sem esquecer as negras lembranças, que trazem dor, mas também muita honra de tudo que trouxemos para o Brasil. Temos que levar, para nossas escolas, as qualidades dos nossos heróis e heroínas negros e indígenas, para que nossos estudantes tenham orgulho das raízes. Precisamos contar a história contextualizada para que possamos dar visibilidade e reconhecimento à identidade afro-ameríndia para levar esse pertencimento aos estudantes, que levarão esse empoderamento para suas casas, transformando assim a nossa sociedade”.

Sobre a programação 

Durante o encontro formativo, os participantes terão acesso a palestras e mesas de conversa voltadas à construção de soluções concretas para o enfrentamento do racismo no ambiente escolar. Como parte das atividades práticas, será ofertada a oficina “Letramento Racial e Articulação da implementação da coleção Minha África Brasileira e Povos Indígenas”, que auxiliará os professores no uso adequado dos materiais pedagógicos antirracistas.

Reconhecimento para escolas com ações afirmativas

No dia 15 de abril, está previsto o lançamento oficial do Selo Escola Antirracista, iniciativa que busca reconhecer o trabalho das instituições que desenvolvem projetos consistentes voltados à valorização da diversidade étnico-racial e ao combate à discriminação no contexto escolar.

Outro momento aguardado da programação será a palestra conduzida pela filósofa Djamila Ribeiro, que abordará o tema “Lugar de fala nas escolas: por que representatividade transforma realidades?”.

A atividade será realizada exclusivamente para educadores previamente inscritos e propõe reflexões sobre como a presença de vozes diversas no ambiente escolar pode impactar positivamente a formação dos alunos.

Escritora e professora, Djamila é referência na luta antirracista

Djamila Ribeiro é uma das principais lideranças do movimento negro no Brasil. Atuando como escritora, filósofa e coordenadora da coleção “Feminismos Plurais”, ela também é autora de títulos amplamente reconhecidos, como Lugar de fala, Quem tem medo do Feminismo Negro?, Pequeno manual antirracista e Cartas para minha avó, que juntos ultrapassam a marca de 1 milhão de exemplares vendidos. Djamila também tem experiência acadêmica como docente em instituições como a PUC-SP e a Universidade de Nova York.

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